O Prémio Camões, criado por Portugal e pelo Brasil, em 1989, é o principal prémio destinado à literatura em língua portuguesa e consagra, anualmente, um autor que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum.
O vencedor do Prémio Camões 2013 foi Mia Couto, escritor moçambicano, aquele que é, justamente, o mais prestigiado, e também mais traduzido, dos escritores do seu país.
O júri justificou a distinção de Mia Couto tendo em conta a “vasta obra ficcional caracterizada pela inovação estilística e a profunda humanidade”, segundo disse um dos jurados.
É o segundo autor de Moçambique a ser distinguido com este prémio, depois de José Craveirinha em 1991.
Estreou-se como poeta, em 1983, e talvez nunca tenha deixado de o ser ao longo de toda a sua obra ficcional.
Em 1986, edita o seu primeiro livro de crónicas, Vozes Anoitecidas, que lhe valeu o prémio da Associação de Escritores Moçambicanos.
Todavia, é com o romance Terra Sonâmbula (1992), que Mia Couto manifesta os primeiros sinais de “desobediência” ao padrão da língua portuguesa. É considerado um dos 12 melhores romances africanos de sempre. Muito justamente….
Em 1994, editou um livro de contos, com o título Estórias Abensonhadas. Escritas depois da guerra civil em Moçambique, como diz o autor, os textos surgiram-lhe entre as margens da mágoa e da esperança.
Mais tarde, sucederam outros romances, sempre na Editora Caminho, como A Varanda do Frangipani (1996), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002, O Outro Pé da Sereia (2006), Jesusalém (2009), ou A Confissão da Leoa (2012).
Mia Couto é conhecido pelo seu talento de renovar a língua portuguesa, inspirando-se na oralidade para lhe dar novos vocábulos e lhe subverter a norma.
É, ainda, um contador de histórias. E, neste momento, ele está, justamente, a preparar o seu novo romance, que será sobre Gungunhana, personagem histórico de Moçambique.
Disse Mia Couto, a este a propósito, quando confrontado com a atribuição deste galardão: "O prémio não me desvia. Estou a escrever uma coisa que já vai há algum tempo, um ano, mais ou menos, e é sobre um personagem histórico da nossa resistência nacionalista, digamos assim, o Gungunhana, que foi preso pelo Mouzinho de Albuquerque, depois foi reconduzido para Portugal e acabou por morrer nos Açores”.
Mia Couto nasceu em 1955, na Beira, no seio de uma família de emigrantes portugueses. Vive, presentemente, em Maputo, antiga Lourenço Marques.
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