Esta lápide, que está na Boca do Inferno, em Cascais, alude a um episódio da vida do nosso poeta Fernando Pessoa.
Tem duas partes distintas: a primeira (em cima) reproduz o texto de uma carta escrita por um famoso mago e astrólogo britânico Aleister Crowley, para a sua companheira; a segunda (em baixo), é uma nota explicativa, para nos dizer que aquele texto pretendia simular o suicídio do mago, naquele lugar, com a conivência do poeta Fernando Pessoa (pasme-se!) e do jornalista e ocultista Augusto Ferreira Gomes.
É caso para perguntar como é que nosso poeta, tão sossegado (embora desassossegasse os outros), e discreto, se envolveu em situação tão bizarra.
João Gaspar Simões, considerado o primeiro biógrafo do poeta, relata este episódio, com pormenores, em Vida e Obra de Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa entendeu manter o ritual da blague com que colaborou no «desaparecimento» do atrevido e louco mago, deixando pairar, sempre, sobre o assunto, mesmo quando interrogado pela Polícia, um manto de mistério, por causa, talvez, do seu culto pelo mágico.
De verdade, sabe-se que Crowley desembarcou no dia 2/9/1930 na Gare de Alcântara e que no dia 25/10/1930 se eclipsou. Como? Não se sabe.
Sabe-se, no entanto, que o ocultista britânico veio acompanhado, nesta sua viagem a Lisboa, por uma jovem alemã, Anni L. Jaeger, muito bonita, que terá impressionado profundamente o nosso poeta, ao ponto de este lhe dedicar o seguinte poema:
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela tivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Tem duas partes distintas: a primeira (em cima) reproduz o texto de uma carta escrita por um famoso mago e astrólogo britânico Aleister Crowley, para a sua companheira; a segunda (em baixo), é uma nota explicativa, para nos dizer que aquele texto pretendia simular o suicídio do mago, naquele lugar, com a conivência do poeta Fernando Pessoa (pasme-se!) e do jornalista e ocultista Augusto Ferreira Gomes.
É caso para perguntar como é que nosso poeta, tão sossegado (embora desassossegasse os outros), e discreto, se envolveu em situação tão bizarra.
João Gaspar Simões, considerado o primeiro biógrafo do poeta, relata este episódio, com pormenores, em Vida e Obra de Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa entendeu manter o ritual da blague com que colaborou no «desaparecimento» do atrevido e louco mago, deixando pairar, sempre, sobre o assunto, mesmo quando interrogado pela Polícia, um manto de mistério, por causa, talvez, do seu culto pelo mágico.
De verdade, sabe-se que Crowley desembarcou no dia 2/9/1930 na Gare de Alcântara e que no dia 25/10/1930 se eclipsou. Como? Não se sabe.
Sabe-se, no entanto, que o ocultista britânico veio acompanhado, nesta sua viagem a Lisboa, por uma jovem alemã, Anni L. Jaeger, muito bonita, que terá impressionado profundamente o nosso poeta, ao ponto de este lhe dedicar o seguinte poema:
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela tivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como ?
Fernando Pessoa, in Cancioneiro
Estamos perante um poema erótico? Há discussão. Por mim, penso que não. Tanto que será impossível a um poeta um poema erótico, sem conhecer o erotismo. A menos que faça da sua poesia um fingimento completo, um fingimento triste, como este. Então, e só então, este poema poderá ser um poema erótico, mas nunca deixando de ser um poema fingido.
Mas, não foi ele que disse? “O poeta é um fingidor / Finge tão completamente /
Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente”.