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domingo, 26 de fevereiro de 2023

Devaneios cruzadísticos │ Eugénio de Andrade

"OS SULCOS DA SEDE" é o título de uma obra do poeta português Eugénio de Andrade pedido com a resolução do passatempo de palavras cruzadas, referente ao mês de Fevereiro de 2023.

Tirado do citado livro "OS SULCOS DA SEDE, este poema "AOS JACARANDÁS DE LISBOA", esperando que seja do vosso agrado, tanto como do meu.

São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.


Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; El-Danny; Elvira Silva; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Olidino; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Sepol; Seven; Socrispim; Solitário; Somar; TRIO SUL-MINAS (Crispim, Loanco e O. K.), Virgílio Atalaya e Zabeli.

A todos, obrigado.

Até ao próximo. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Os gatos de Eugénio de Andrade

Acerca de Gatos

Em Abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhora dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.

Eugénio de Andrade, in Sal da Língua

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Devaneios cruzadísticos │ Eugénio de Andrade

Várias iniciativas estão previstas para celebrar o centenário de nascimento de EUGÉNIO DE ANDRADE, que ocorreu no passado dia 19 de Janeiro. Por mera curiosidade, e a propósito da data de nascimento, segundo reza o seu registo civil, com base numa declaração apresentada a 1 de Março de 1923, por sua mãe, Maria dos Anjos, então solteira, doméstica, domiciliada na Póvoa de Atalaia,  foi às vinte horas do dia UM de FEVEREIRO DE 1923 que nasceu JOSÉ FONTINHAS (hoje poeta Eugénio de Andrade, o pseudónimo literário por ele adoptado).

Como é sabido, tal discrepância de datas, que por aqueles tempos ocorria com certa frequência, era um estratagema comum para escapar à multa do registo tardio, já que aos emolumentos e ao imposto de selo do "civil" ninguém podia eximir-se.

Eugénio de Andrade nasceu na Póvoa de Atalaia, vizinha da minha aldeia natal.  Aqui nasceu o poeta, fruto de um amor juvenil. A mãe, Maria dos Anjos, era filha de trabalhadores modestos. O pai, Alexandre Rato, de família proprietária e mais abastada, partiu para Lisboa, sem casar nem perfilhar o filho. Mais tarde,  o casamento veio a realizar-se, não durou muito, e quando o pai se dispôs a perfilhá-lo, o filho recusou. 

Eugénio de Andrade fez da mãe a presença central da sua poesia, de onde o pai está quase ausente, esse pai a quem em entrevistas apenas se refere como "o senhorito do Monte da Ribeira da Orca".

Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, decorrente das inúmeras distinções e dos muitos prémios que recebeu, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana. Recebeu inúmeras distinções e prémios, com destaque para o Prémio Camões (2001).

Morreu na cidade do Porto a 13 de Junho de 2005, após uma doença neurológica prolongada. Encontra-se sepultado no Cemitério do Prado do Repouso, no Porto. A sua campa é rasa em mármore branco, desenhada pelo arquitecto seu amigo Siza Vieira, possuindo os versos do seu livro "As Mãos e os Frutos".

Eugénio de Andrade disse um dia que toda a vida lutou por um verso. Sílaba a sílaba. Assim:

Toda a manhã procurei uma sílaba. 
É pouca coisa, é certo: uma vogal, 
uma consoante, quase nada. 
Mas faz-me falta. Só eu sei 
a falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
do frio de Janeiro, da estiagem 
do Verão. Uma sílaba, 
Uma única sílaba. 
A salvação.

In Ofício de Paciência

Convido os meus amigos a solucionar este passatempo de palavras-cruzadas e encontrar, a final, o título (4 palavras nas horizontais) de uma obra do poeta português Eugénio de Andrade (1923-2005).

HORIZONTAIS: 1 – Beiça; Vindima. 2 – Aqueles; Mentiras. 3 – Pessoa que se considera um modelo a seguir [figurado]; Penhor. 4 – Cobiça; Moa. 5 – Indício; Pregas. 6 – Mais [antiquado]; Pesar; Lava áspera e escoriácea constituída por fragmentos irregulares [Geologia]. 7 – Quebra-luz; De+a [contracção]. 8 – Ânsia [figurado]; Indisponhas. 9 – Pule; Hospeda. 10 – Rebanhos; Símbolo da resistividade eléctrica [Física]. 11 – Causas; Una.

VERTICAIS: 1 – Passada; Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de areia. 2 – Regra; Interjeição que exprime satisfação [Brasil]. 3 – Empregos; Viva. 4 – Adivinhas; Guerreiro. 5 – Pançuda; Sufixo nominal, de origem grega, que exprime a ideia de filiação. 6 – Condenável; Guarda; Aquelas. 7 – Estreita; Juntas. 8 – Sedimento [regionalismo]; Cerce. 9 – Demora; Desumano [antiquado]. 10 – Porcelana antiga de cor amarela e de origem chinesa; Trapeiros. 11 – Torres; Ala [Arquitectura].

Clique Aqui para abrir e imprimir o PDF.


Aceito respostas até dia 25 de Fevereiro, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?