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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Devaneios cruzadísticos │ Luís de Camões

"As armas e os barões assinalados" é o primeiro verso de uma estrofe do Canto I de "Os Lusíadas", do poeta português Luís de Camões (1524-1580), pedido com a resolução do passatempo de Palavras Cruzadas, referente ao mês de Janeiro de 2024.

Deixo-vos com o poema "Camões dirige-se aos seus contemporâneos", de Jorge de Sena, o qual vai de encontro de algum modo, em minha opinião, àquilo que se pretendeu transmitir no texto introdutório ao problema do mês.

Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado por meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Jorge de Sena, Assis, 11/6/1961


Recebi respostas de: Alabi; Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Caba; Candy; Donanfer II, El-Danny; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Ramos; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Odemi; Olidino; Paulo Freixinho; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Sepol; Seven; Socrispim; Solitário; Somar; TRIO SUL-MINAS (Crispim, Loanco e O. K.), Virgílio Atalaya e Zabeli.

A todos, obrigado.

Até ao próximo "devaneio"!?

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Devaneios cruzadísticos │ Luís de Camões

Está em preparação o programa oficial para as comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, a celebrar de 12 de Março de 2024 a 10 de Junho de 2025. O AlegriaBreve, ao iniciar este ano de 2024, aqui está para assinalar este importante acontecimento.

Luís Vaz de Camões (1524?-1580) é considerado o poeta dos Descobrimentos, mas a sua obra só foi reconhecida após a sua morte. “Teve uma vida repleta de dificuldades” e a sua biografia também não é muito conhecida, de tal modo que, à sua volta, permanecem algumas “lendas”, como o local do seu nascimento (Chaves ou Lisboa, sendo que a tese por Alenquer está definitivamente abandonada), a perda de um olho em Ceuta, a sua estada em Macau e os naufrágios de que foi vítima, entre outras peripécias.

Assim, são conhecidas várias versões sobre a sua vida.

Fidalgote? Namoradeiro de princesas? Um tal José Maria Rodrigues, ainda que reconhecido camoniano, até inventou a história com a Infanta D. Maria, filha do rei D. Manuel I.

Ou, pelo contrário, uma vida desgraçada, como o poeta descreveu num soneto célebre: «O dia em que nasci moura e pereça/..../Que este dia deitou ao Mundo a vida/Mais desgraçada que jamais se viu!»?

Aqui, é apresentada a segunda versão, por acharmos ser aquela que se mostra mais fidedigna, feita a partir da interpretação da sua obra.

Muitas vezes, ao ler, pensamos «que quis ele dizer?». Então, é assim.

Terá nascido perto de Chaves, na aldeia Vilar de Nantes. Sabe-se ao certo que Camões não era fidalgo. Jovem veio para São Martinho do Porto no Bispado de Coimbra e, como escudeiro, posto ao serviço de um fidalgo, Francisco de Noronha, futuro 2º Conde de Linhares.

A patroa era Violante de Andrade. Francisco de Noronha foi embaixador em Paris. Camões apaixonou-se pela ama (=mulher do amo). Quem o diz, segundo consagrados biógrafos de Camões, é a Canção X. Descoberta a paixão, Camões foi expulso da casa. Depois, andou pelo Algarve e Norte de África, a perseguir os corsários. Aqui perdeu um olho.

Esteve preso na cadeia do Tronco, em Lisboa, depois de uma rixa, em que feriu um criado do Paço, Gonçalo Borges. Saiu da cadeia directamente para a Índia, onde esteve 16 anos.

Aqui foi perseguido pelos Noronhas. Por sorte, foi protegido por Francisco Coutinho, inimigo dos Noronhas. Camões agradeceu o favor com o episódio do "Magriço", em "Os Lusíadas", na figura de Álvaro Gonçalves Coutinho, ascendente de Francisco Coutinho.

Foi para Macau, como provedor dos órfãos, em comissão de serviço de 3 anos. Não tinha direito a fazer casa em Macau. Gruta de Camões. Lenda? Verdade? Sabe-se que era proibida a construção de casas no território de Macau. A sua casa era debaixo de um penedo, a lendária gruta. São os padres jesuítas que nos falam dos "penedos de Camões".

Terminada a comissão em Macau (1553-1556), regressou a Goa. Naufragou na foz do Rio Maconde. Perdeu a caixa com o dinheiro e as contas. Foi perseguido pelo Governador que era um Noronha. "Injusto mando", diz ele num poema. Vem para Lisboa, onde tinha que ser julgado. Passou pela Ilha de Moçambique, onde Diogo do Couto o encontrou em 1568, "tão pobre que comia de amigos".

Os últimos anos de Camões foram amargurados pela doença e pela miséria. Reza a tradição que se não morreu de fome foi devido à solicitude do escravo Jau, trazido da Índia, que ia de noite, sem o poeta saber, mendigar de porta em porta o pão do dia seguinte. 

Morreu em Lisboa a 10 de junho de 1580, sendo o seu enterro feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Um fidalgo letrado, seu amigo, Francisco Coutinho, mandou inscrever-lhe na campa rasa um epitáfio significativo: "Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu."

Convido os meus amigos a solucionar este passatempo de Palavras-Cruzadas e encontrar, a final, o título (6 palavras nas horizontais) de um verso do Canto I de "Os Lusíadas", do poeta português Luís de Camões (1524-1580).

HORIZONTAIS: 1 – Aquelas; Terreno húmido para cultura [Angola]; Grande quantidade [figurado]. 
2 – Condiga; Nada; Lado do navio de onde vem o vento [Náutica]. 3 – Consertadas. 4 – Meios; Buraco cavado pela água nos penedos de rios ou ribeiros. 5 – Sufixo nominal, de origem latina, que exprime a ideia de semelhança; Trapeiros. 6 – Prova; Troce; Aqueles. 7 – Título nobiliárquico inferior ao de visconde [plural]; Sufixo nominal, de origem latina, que exprime a ideia de agente. 8 – Mas; Cume. 
9 – Ilustres [figurado]. 10 – Interjeição usada para interromper; Mata; Sem juízo [figurado]. 11 – Sufixo nominal, de origem grega, que exprime a ideia de doença; Fecha [Guiné-Bissau]; Símbolo de ósmio.

VERTICAIS: 1 – Medonhas; Rumor. 2 – Usar; Comédias [figurado]. 3 – Ruminaras. 4 – Aquele; Passar. 5 – Causas; Folgas. 6 – Ar; Queixas; Pão [Moçambique]. 7 – Exclamação que indica ordem de desvio; Laço para caçar perdizes. 8 – Sigla de Ordem dos Advogados; Interjeição que exprime surpresa [Brasil]. 9 – Magoado. 10 – Mudos; Púcaro [regionalismo]. 11 – Alegria [figurado]; Valentes [figurado].


Clique Aqui para abrir e imprimir o PDF com o passatempo.


Aceito respostas até dia 25 de Janeiro, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?