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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Devaneios cruzadísticos │Eça de Queirós

"O Suave Milagre" (aqui numa versão reduzida) é o título de um Conto do escritor português Eça de Queirós, pedido com a resolução do passatempo referente ao mês de Fevereiro de 2019.


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Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita; Baby; Caba; Candy; Corsário; Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes; Fernando Semana; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Lulopes; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Maria de Lurdes; My Lord; Neveiva; Olidino; O. K.; Paulo Freixinho; Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Somar; Virgílio Atalaya e Zabeli.

Premiada: Gilda Marques, Torres Vedras.
Prémio Porto Editora

Até ao próximo!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A passagem do tempo

Há dois dias, às voltas com um passatempo em que me pediam o nome de sete personagens do AUTO DO TI JAQUIM, do poeta António Aleixo, peguei no livro "este livro que vos deixo", do poeta algarvio, para ver se encontrava rasto daquele AUTO do qual nunca ouvira falar. Existe sim senhor, está no final do livro, uma publicação "Notícias Editoral". Uma óptima ajuda pois permitiu que eu depois, no meio de um labirinto de palavras, encontrasse o nome das personagens que precisava para decifrar o problema: ti maria; freguês; estudante; barbeiro; ti jaquim; sr rosa; regedor.

Surpresa maior, porém, foi que no meio do livro encontrei uma folha A4, dobrada em 4 partes, muito amarelecida pelo tempo. Era a minha prova de Exame Final de Matemáticas Gerais, no ISCEF, penso que do ano escolar 1967/68, do Prof. Doutor Mário Madureira. Não me lembro da nota, só sei que, certamente, tive nota positiva porque fiquei aprovado.


O pior é que, passados cerca de 50 anos, eu olho para prova e nem sei por onde começar. Nada. Como é possível?

domingo, 17 de fevereiro de 2019

O Crime do Padre Amaro (1ª versão!)

O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz

A edição d’ O Crime do Padre Amaro que agora se publica assume, por vários motivos, um importante significado histórico-literário na produção literária queirosiana. Dada à estampa pela primeira vez em 1876, esta segunda versão d’ O Crime do Padre Amaro (a primeira aparecera na Revista Ocidental) viria a ser superada pela terceira versão (1880), desmentindo a indicação “Edição Definitiva” impressa no frontispício do livro. Num escritor como Eça de Queiroz, que longamente trabalhava e retrabalhava os seus textos, dificilmente um romance poderia ser, estando ele vivo, definitivo. 

Seja como for, O Crime do Padre Amaro, cuja tosca primeira versão o então jovem escritor de imediato renegou, é um romance com o qual Eça se debateu longamente. Na época e mesmo mais tarde, O Crime do Padre Amaro valeu ao seu autor acerbas críticas, dentre as quais a de plágio, relativamente a um romance de Zola, La Faute de L’Abbé Mouret, título que integrava a série Les Rougon Macquart e que muito sugestivo era para alimentar a tal suspeita de plágio. Mas esta não era talvez a questão mais melindrosa; a temática anticlerical do romance chocava, muito naturalmente, leitores pouco habituados a uma literatura não apenas realista, mas também incipientemente naturalista. Terá sido também por força dessas críticas que um Eça ainda em formação tratou de reescrever o texto do seu romance. 

Passava-se isto num tempo literário vivido de forma muito intensa e motivador de opções literárias e ideológicas provindas das chamadas Conferências do Casino. Nelas, Eça de Queiroz fizera uma intervenção de que se não conhece o texto, mas que se sabe ter sido orientada para a recusa do romantismo historicista e para a apologia de um romance de um intuito reformista, virado para o real e para o presente e empenhado em denunciar as derrogações sociais, morais e culturais que uma sociedade decadente (dizia Antero, nessa época mentor de Eça) exibia. Proudhon, Flaubert e Courbet eram as referências ideológicas, literárias e artísticas em que o autor d’ O Crime do Padre Amaro se apoiava; e o conto Singularidades de uma Rapariga Loura (1874) indiciava com clareza o chamamento realista de Eça de Queiroz, nesse início dos anos 70. 

Esse chamamento aprofunda-se n’ O Crime do Padre Amaro de 1876 e também n’ O Primo Basílio, que veio logo depois, em 1878. O romancista partia então de um princípio basilar que a nova estética impunha a observação da realidade, dos costumes e das pessoas. Foi essa realidade que Eça conheceu em Leiria, no breve tempo lá passado, quando desempenhou funções de administrador do concelho, pouco antes de iniciar a sua vida profissional como cônsul de Portugal. A aspereza com que nesta versão os costumes religiosos e a vida devota são criticados tinha muito de programático; disso mesmo procurou libertar-se a terceira e definitiva versão do romance. Mas isso não evitou que esta que agora podemos ler (e que naturalmente é muito pouco conhecida do grande público) deixasse uma viva marca anticlerical, revelando, ao mesmo tempo, um pendor naturalista algo imaturo. 

A história dos amores de Amaro e de Amélia, um sacerdote sem vocação e uma jovem devota educada na veneração dos padres, tinha tudo para acabar mal. E assim foi. Resultando dos tais amores o nascimento de um filho, havia que encontrar uma solução para uma tão incómoda situação. Incómoda, mas, acrescente-se, relativamente frequente na época. Em desespero de causa, Amaro lança a criança ao rio e consuma um infanticídio que, no episódio em causa, está envolto pelas cores sombrias de uma atmosfera nocturna e quase tétrica. Era assim este Eça ainda contaminado por uma emotividade romântica que o naturalismo mal interiorizado não superara inteiramente. 

Para quem conhece O Crime do Padre Amaro que hoje lemos (ou seja: a tal edição reelaborada de 1880 e aparentemente retocada em 1889) o infanticídio é surpreendente, porque Eça o cancelou na versão final; e é só nesta que encontramos personagens e episódios que atestam a maturação a que foi sujeito este texto de 1876, ainda imperfeito mas já capaz de atestar um grande talento literário em desenvolvimento. Por alguma razão (e também com algum exagero) Oliveira Martins terá dito que O Crime do Padre Amaro fora “o único romance que Eça trouxera no ventre”. 

Carlos Reis, in jornal Público de 29/10/2013

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Agarrem o gato que é do Saramago

"Agarrem o gato que é do Saramago". Este grito ecoou esta manhã pelo prédio, algum vizinho por certo se assustou. O gato estava numa mala de viagem, que se perdera num aeroporto da Europa, apareceu na minha casa. Às tantas, o gato já passeava pela casa. Ao pressentir que ia ser apanhado, escapuliu-se para a rua. Vou na perseguição dele, esconde-se debaixo dos carros, mira-me com troça do tejadilhos dos carros, várias vezes quase o tenho nas mãos, mas ele, com sete vidas, escapa-se-me sempre. "Agarrem o gato que é do Saramago!"

A história conta-se em duas linhas. Vem no "Último Caderno de Lanzarote", de José Saramago. É o escritor que conta. Um Congresso em Turim, na companhia de outros portugueses, Teresa Rita Lopes, Carlos Reis e outros ilustres da Cultura portuguesa. A um deles, coitado, perderam-lhe uma mala no aeroporto de Milão. Nada de especial não fosse trazer na mala o gato. "Não gosto de deixar o gato em casa", lamentava-se ele. Esta história vem contada a pp 97.

Ainda dizem que ler, ao deitar, faz bem!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

São Valentim, nunca. Viva o Stº António

Da escritora Alice Vieira, com a devida vénia e inteira concordância:

EM DESAGRAVO DE SANTO ANTÓNIO

Descia eu a Rua dos Remédios, numa luta entre o entulho que atravanca os diminutos passeios, e o trânsito na calçada, quando dei comigo diante de uma tabacaria espectacularmente brilhante de tanto vermelho derramado em corações de todos os tamanhos e feitios , de feltro, cetim, seda, riscado, flanela, sei lá o que mais. Pelo meio dos corações, o branco dos ursinhos de peluche cheio de dizeres no mais puro português que em Alfama se fala, a saber “Be my Valentine!”, “You’re the greatest!”, “Hug Me!”, e canecas com “I love You”escrito a toda a volta.

Pois é, São Valentim está a bater à porta dos comerciantes, que não querem que nada falte aos namorados nem, obviamente, às máquinas registadoras das lojas.

Não tenho rigorosamente nada contra o santo, que esteja muito bem instalado lá no assento etéreo onde subiu é o que eu mais desejo. Contra os namorados ainda tenho menos: cá por mim acho que se deve namorar todos os dias, sem necessidade de data fixa ou patrono celestial.

O que me choca - ainda por cima neste bairro em que Santo António é imagem de marca, espalhado em nome de ruas, largos, escadas, becos e travessas, estampado em azulejos de porta (quase sempre de braço dado com São Marçal, que vela contra os incêndios, sejam eles de casas ou de corações) - é a necessidade que se sentiu de importar padroeiro estrangeiro.

Desculpem a insistência mas, em matéria de patriotismo hagiológico, ninguém me leva a palma.
Quem tem um santo como o nosso Santo António, capaz de colar pés decepados, falar aos peixes, assentar praça como qualquer mortal, e livrar o pai da forca (isto para não falar das banais bilhas consertadas e da resposta masculina e pronta a jovens donzelas encalhadas) - que necessidade tem de importar um estranho, a respeito do qual apenas se sabe que foi preso, açoitado e decapitado?

Com um santo como o nosso, alfacinha de gema, a quem chamaram “glória de Portugal, honra de Espanha, tesouro de Itália, terror do Inferno, martelo perpétuo contra a heresia, e entre todos os santos por excelência milagroso” (isto fiquei eu a saber depois de uma visita ao Museu Antoniano feita logo a seguir, em desagravo do santo, evidentemente) - que vem cá fazer o São Valentim?

Se querem encontrar um dia para festejar os namorados, óptimo, sou a primeira a aplaudir. Mas então que se escolha o 13 de Junho, com sardinhas assadas, alcachofras, fogueiras, cravos de papel e manjericos.
Em vez de ursinhos de peluche vendiam-se santinhos de todos os tamanhos, cores e feitios, bilhas partidas ou por partir, e o mais que a imaginação dos artistas descobrisse. Santo António deixava de ser apenas o santo lisboeta (ainda por cima a rivalizar com o São João e o São Pedro)--e passava a santo mundial.

Porque no dia 14 de Fevereiro, juntamente com o São Valentim, importa-se a papinha toda feita, modelo único para todos os países, a globalização no seu melhor, chapa um para namorados brancos, pretos vermelhos ou amarelos; gordos,magros ou assim-assim;bem dispostos ou maldispostos; dadivosos ou unhas de fome; românticos ou vamos-lá-despachar-esta-fantochada.

Vamos lá dar a Santo António o que Santo António merece.
Senão, quando os manjericos em Junho aparecerem para aí sem viço, e nenhuma alcachofra florir de madrugada - não se queixem.
Até mesmo um santo, por muito santo, pode perder a paciência.

Alice Vieira, in “Bica Escaldada”, 2005

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Eça e a Casa Havaneza



A Casa Havaneza situa-se no Largo do Chiado e era, ao tempo de Eça de Queiroz, tabacaria, florista e agência de notícias. Na época tinha um letreiro em francês (tinha que ser) Maison Havanaise, depot de tabacs, etc…entretanto, sofreu várias alterações. 

É citada em vários romances do Eça. Escolhi este texto de “A Correspondência de Fradique Mendes”. O narrador vai encontrar-se pela primeira vez com o célebre Fradique: 

[…] E, se eu desejava conhecer um homem genial, que esperasse ao outro dia, Domingo, às duas, depois da missa do Loreto, à porta da Casa Havaneza. — Valeu? Às duas, religiosamente, depois da missa! Bateu-me o coração. Por fim, com um esforço, como Novalis no patamar de Hegel, afiancei, pagando os sorvetes, que ao outro dia, às duas, religiosamente, mas sem missa, estaria no portal da Havaneza! […].

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Devaneios cruzadísticos │Eça de Queirós

"Os Maias", obra prima de Eça de Queirós, foi publicada em 1888, portanto há 130 anos. A Fundação Calouste Gulbenkian decidiu, em cooperação com a Fundação Eça de Queiroz, organizar uma exposição para mostrar a todos que a visitam (o que poderá ser feito, ainda, até ao dia 18 de Fevereiro) a presença e a actualidade do grande romancista.

O AlegriaBreve, com igual pretexto, deixa aqui também a sua modestíssima homenagem. Deste modo, todo o mês de Fevereiro lhe será dedicado com este passatempo e outros apontamentos do escritor julgados de interesse.

Se dúvidas houvesse, numa carta a Pinheiro Chagas, de 14 de Dezembro de 1880, Eça declarou: "...e eu sou um pobre homem da Póvoa de Varzim". Na verdade, ali nasceu no dia 25 de Novembro de 1845, mas foi baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde, tendo como padrinho o “Senhor dos Aflitos” e, como madrinha, a criada Ana Joaquina.

Passou a infância com os avós paternos em Verdemilho, perto de Aveiro, e a adolescência no Colégio da Lapa no Porto, onde terá como professor Ramalho Ortigão, de quem se tornou amigo para a vida, vindo a ser seu padrinho de casamento. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.

Viveu com intermitências em Lisboa, na casa dos pais; entretanto, passou em Évora alguns meses onde dirigiu o jornal «Distrito de Évora»; viajou ao Oriente durante o outono/inverno de 1869; viveu em Leiria para onde foi nomeado Administrador do Concelho; tentou em Lisboa, sem grande sucesso, a advocacia e aí participou nas Conferências do Casino e nos projetos d’ «As Farpas» e de «O Mistério da Estrada de Sintra» com Ramalho Ortigão.

Iniciou em 1872 a carreira consular, que o levará a Havana, nas Antilhas Espanholas, hoje Cuba; a donde visitará Nova Iorque e Montreal, depois a Newcastle e Bristol, no Reino Unido, e finalmente a Paris (1888-1900), com que sempre sonhou, onde morrerá com 55 anos, na sequência de uma penosa doença que o levou a consultar médicos de renome na Suíça. Deixou órfãos quatro filhos, fruto do seu casamento, em 1886, com uma aristocrata nortenha, Emília Resende. A Quinta de Vila Nova, em Santa Cruz do Douro, hoje sede da Fundação Eça de Queiroz, a única casa que o escritor possuiu em Portugal, inspirou-lhe o cenário do seu último romance, publicado postumamente, «A Cidade e as Serras».

Eça de Queirós foi um trabalhador incansável: escreveu romances, contos, crónicas, artigos de opinião, uma vasta epistolografia, da qual parte ficou inédita ou inacabada. A Eça não lhe faltou o génio. De duas coisas, porém, sempre se queixou de ter falta: saúde e dinheiro.

O convite é, meus amigos, resolver este problema de palavras cruzadas e, no final, encontrar o título de um Conto (3 palavras nas horizontais) do escritor português Eça de Queirós (1845-1900).


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A sortear: Prémio Porto Editora

HORIZONTAIS: 1 – Poemas; Fenda. 2 – Cabeça [figurado, coloquial]. 3 – Interjeição usada para interromper; Pequeno altar; Entre nós. 4 – Actuo; Usa; Dia. 5 – Leve; Come à pressa [popular]. 6 – Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de igual; Simpatia [figurado]. 7 – Espécie de torniquete para apertar o focinho dos animais e tê-los seguros enquanto são ferrados; Atribui recursos para um sistema poder funcionar. 8 – Pagas; Andavam; Malícia [figurado]. 9 – Pertences; Pândega; Sempre que. 10 – Maravilha [figurado]. 11 – Tisna; Fútil [figurado].

VERTICAIS: 1 – Giras; Bebe de mais. 2 – Avalias. 3 – Dura; Um gosto entre muitos dissabores [figurado]. Muar. 4 – Falda; Some [figurado]; Cabo. 5 – Destino; Intriga [Cabo Verde]. 6 – Muito [coloquial]; Iça. 7 – Remate; Aliada. 8 – Suplica; Suavidade [figurado]; Sulque. 9 – Símbolo de rádio; Foles; Símbolo de érbio. 10 – Situas. 11 – Solta; Argumento.

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Aceito respostas até dia 25 de Fevereiro, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?