Quem és tu oh tempo?
Quem és?
Queres-me, ainda, que sejas breve?
Se me queres, dá-me tempo
faz grande a minha jornada
dá-me o amor, hoje e sempre
como se fosses um único pássaro
a voar na brisa a tocar meu rosto …
A vida é breve, muito breve
deixa-me desfrutar o tempo, que me resta…
O tempo não pára, carrega lembranças,
sonhos e experiências …
Não tem caminho de volta
segue sempre em frente
o tempo do tempo, é o presente, é o agora…
Espreito à janela vejo gente
apressada de malas na mão …
Será que vão viajar? Ou desceram
para outra direcção, outra estação?
Começamos a vida com uma malinha na mão
os anos passam e a bagagem vai aumentando
escolhemos muitas coisas q’recolhemos pelo caminho…
Podemos aliviar o peso, esvaziando a mala
mas o que temos para tirar? Aquilo que plantamos.
A essência da vida não se compra
ela vai subindo degrau a degrau
quero mais tempo, oh tempo,
vivendo o tempo, de dentro para fora..
A vida flui como um rio, transporta-nos
à verdade, à velhice e, esta à sabedoria …
Sem caminho de volta, o tempo segue,
sempre em frente…
O tempo do tempo é o agora
não olhe para o retrovisor da vida
não lembre o que já passou…
Siga olhando para cima, para o lado
para a frente, para a gente.
Tu oh tempo, que me persegues
posso pedir-te mais tempo?
O tempo é o presente, cada dia é
só por si, uma vida…
Fica um pouco mais! Um pouco mais!
Dá-me tempo!
Mariana Asper
11-06-23
Um poema que nos fala da brevidade das nossas vidas. A autora implora, quase em desespero, por mais tempo. Não deixa de ser curioso que o poema venha, na minha modesta opinião, ao encontro da ideia que se encontra subjacente ao título deste blogue. A vida é breve, um breve instante à escala cósmica. É, todavia, a que nos coube. Curta, sem dúvida. Injusto? Talvez. Uma vida breve. Uma alegria breve.