Este mês, o AlegriaBreve evoca, com um prazer imenso, Almeida Garrett, escritor, uma das maiores figuras do romantismo português. Grande impulsionador do teatro em Portugal, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
A.G. viveu só 55 anos, e todavia viveu intensamente os grandes acontecimentos do tempo: Invasões francesas, Revolta Liberal de 1820, 1ª Constituição de 1822, Vila Francada (1823), Restabelecimento da Monarquia Absoluta com D. Miguel (1828), Guerra Civil (1832-1834), Tratado de Paz, Setembrismo, Ditadura de Costa Cabral, Maria da Fonte, Patuleia e Regeneração. A todas elas, A.G. esteve ligado.
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Nasceu no Porto em 1799. A sua casa tem lá uma lápide evocativa. Família da classe média. A mãe era uma minhota rural com algumas posses.O pai era selador-mor na Alfândega. João Baptista da Silva Leitão era o seu nome verdadeiro de A G. Mas ele era tão grande, que tinha direito a ser vaidoso!
Em 29 de Março de 1809, durante a 2ª invasão francesa, aconteceu o Desastre da Ponte das Barcas, no Rio Douro, em frente à cidade do Porto. AG foge para os Açores com a família. O seu tio era o Frei Alexandre da Família Sagrada. Era bispo de Angra. Aos 15 anos, AG andava no seminário, fez um sermão que empolgou a assembleia. Não foi padre porque cedo se enamorou de uma menina inglesa. Foi para Coimbra com 16 anos. Tirou o bacharelato em Direito, sem precisar de estudar muito. Ele fez as proclamações relativas às tentativas de revolta de 1816 e 1817, aquando da morte de Gomes Freire de Andrade.
Estava em Coimbra em 1821. Escreveu então "O Retrato de Vénus". Processo-crime, por falta de pudor! Foi absolvido. Escreveu, pouco depois, "Catão" que é a história do pai da Revolução Liberal, Manuel Fernandes Tomás. Durante a representação da peça, viu e ficou doidamente apaixonado por Luísa Midosi, que tinha apenas 15 anos! Casamento falhado, a menina era apenas bonita.
Garrett foi depois, em 1823, após a Vilafrancada, para Inglaterra e França. Aqui, inicia a evolução literária. Influência de Walter Scott, ele e Alexandre Herculano evoluíram para o romantismo. AG escreve “Camões” e “Dona Branca”, com os quais - dizem - marcou o início do romantismo, a expressão livre do pensamento. Há quem não tenha a mesma opinião. Em 1826 regressou a Portugal, dedicando-se ao jornalismo. Saiu novamente do país em 1828, depois de D. Miguel se intitular rei (Miguelismo).
AG foi soldado do Batalhão Académico. Esteve na Ilha Terceira onde trabalhou na reforma administrativa de Mouzinho da Silveira. Depois, esteve na defesa do Porto. Guerra Civil (1832-34) fratricida e sangrenta. AG esteve do lado dos que venceram. E, ainda, esteve com os Setembristas (1836). Sempre do lado do povo. Já AH escreveu então um libelo, "A Voz do Profeta", contra o Setembrismo. O povo é o povo, para AG. Triunfa com Passos Manuel, de quem era amigo. Papel importantíssimo no Teatro ("Gil Vicente", "Alfageme de Santarém", "Frei Luís de Sousa").
"Viagens na Minha Terra" é o título de uma obra grande. Relata uma viagem que verdadeiramente se realizou. Uma viagem de Lisboa a Santarém, para visitar o seu amigo Passos Manuel. Termina assim:“Tenho visto alguma coisa do mundo, e apontado alguma coisa do que vi. De todas quantas viagens porém fiz, as que mais me interessaram sempre foram as viagens na minha terra”.
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Era um apaixonado. Depois da relação frustrada com Luisa Midosi, Garrett passou então a viver amancebado com Adelaide Pastor, de 17 anos, até a morte desta, em 1841.
Aos 50 anos, conheceu Rosa Montufar, que ficou na História como a Viscondessa da Luz. Paixão arrebatadora. Escreveu um livro de poemas, “Folhas Caídas”, dedicado a ela. Uma árvore da qual só já caem folhas. Paixão assombrada. Amor gritante. Ele publicou o livro sem nome de autor. Um dia, o sisudo Alexandre Herculano, na Bertrand, vê o livro, folheia-o, folheia outra vez, e tem este comentário: “Isto não pode ser se não do Garrett. Aquele diabo não sabe o que fazer de tanto talento que tem!”
Almeida Garrett morreu em 1854 em Lisboa, completamente arruinado. Os herdeiros tiveram que vender os tarecos para pagar as dívidas. Amou muito a sua terra, o povo, o seu povo. Foi um dandy, um janota. Era um bom orador, achava-se o melhor de todos. Chegou a comparar-se a Demóstenes. Rivalizou, nas Cortes, com o deputado de Aveiro, José Estevão, grande orador, que falava de improviso, enquanto AG preparava muito bem os seus discursos.
É assim que, neste mês, convido os meus amigos a solucionar este passatempo de palavras-cruzadas e encontrar, a final, o título (4 palavras nas horizontais) de uma obra do escritor português Almeida Garrett (1799-1854).
HORIZONTAIS: 1 – Estimas; Derrame. 2 – Selecciones; Combinar. 3 – Rasgam; Pintada. 4 – Excelente [coloquial]; Velhaco. 5 – Pertences; Quadra; Somai. 6 – Precisão. 7 – Suavidade [figurado]; Fama [figurado]; Símbolo de actínio. 8 – Area of Responsibility [sigla]; Dinheiro [coloquial]. 9 – Errar; Atrás. 10 – Dilates; Sabuja. 11 – Sacerdote do Camboja; Censuras.
VERTICAIS: 1 – Remates; Preferes. 2 – Aparências; Antiga moeda portuguesa, do valor de 4800 réis. 3 – Paralisar; Brilho. 4 – Medonho; Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de Deus. 5 – Símbolo de arsénio; Pátria; Coisa desconhecida. 6 – Progredi. 7 – Andar; Interjeição que exprime enfado [Angola]; Mais [antiquado]. 8 – Abismo; Admirado. 9 – Vaidade; Prendi. 10 – Possuí em grande abundância; Molesta [Brasil]. 11 – Valias; Vivas.
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até dia 25 de Outubro, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico,
boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução,
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