Isabel da Nóbrega (pseudónimo de Maria Isabel Guerra Bastos Gonçalves) faleceu no Estoril no dia 2 do findo mês de Setembro. Tinha 96 anos. É inteiramente justo que o AlegriaBreve lhe preste esta pequena homenagem. Foi uma escritora portuguesa, com trabalhos em teatro, rádio e televisão, escreveu ainda milhares de crónicas para diversas publicações. Escritora (quase) esquecida. Mulher rara, foi uma excepção nesta paisagem literária desapaixonada.
“À Isabel, porque nada perde ou repete, porque tudo cria e renova”, escreveu José Saramago na primeira edição do romance "Memorial do Convento", publicado em 1982. Percebe-se pela densidade que não seriam apenas palavras de circunstância, e isso torna ainda mais angustiante (poupo no adjectivo) o acto posterior do seu apagamento e substituição, em edições futuras, por uma dedicatória a outra mulher (Pilar del Rio)!
Contudo, nas edições mais antigas dos livros do Nobel, podemos encontrar, segundo os críticos literários, vestígios dessa ligação que, para muitos, terá sido fulcral para o posterior desenvolvimento da obra literária de Saramago. E não é apenas nas dedicatórias que se encontram traços do seu encontro fundamental com Isabel da Nóbrega, mas na própria construção das personagens. É que se Gaspar Simões compara os olhos de Isabel aos de uma Medusa (a górgona mitológica que petrificava quem a olhasse), Saramago acaba por dar à sua mais importante personagem, "Blimunda", uns olhos igualmente mágicos, capazes de perscrutar as almas por dentro dos corpos.
Como ela conta numa entrevista à revista Tabu em 2009, o próprio nome “Blimunda” foi Isabel quem o escolheu de uma lista que Saramago tinha feito, e da qual tinha escolhido Mariana Amália.
Nascida em Lisboa, em 1925, foi criada no seio de uma família protestante e deixou a sua marca na literatura portuguesa, como uma figura indisciplinada de afirmação feminina nos anos 60. Além de cronista, no tempo em que era escassa a presença de mulheres nas redações de jornais, dedicou-se à escrita de contos, textos dramáticos, romances e literatura infantil.
Era uma mulher tão elegante quanto assertiva, quando isso não era considerado uma forma de agressividade ou arrogância. Nunca disse, em público, uma palavra sobre o livro infame que João Gaspar Simões escreveu sobre ela ("As Mãos e as Luvas"), depois da separação, tal como não disse uma palavra sobre o facto de Saramago ter apagado dos livros as dedicatórias que lhe tinha feito, substituindo-as por dedicatórias a Pilar del Rio.
Assim, convido os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o título (4 palavras nas horizontais) de uma obra da escritora portuguesa Isabel da Nóbrega (1925-2021).
HORIZONTAIS: 1 – Derrotas; Durar. 2 – Obras; Corda grossa. 3 – Preposição que designa tempo; Angústia; Brandura. 4 – Prefixo que exprime a ideia de privação; Toca; Interjeição que exprime espanto. 5 – Sorte [popular]; Entrar na posse de (herança). 6 – Fama; Teima. 7 – Consegue; Terreiro. 8 – Lava áspera e escoriácea constituída por fragmentos irregulares; Fechas [Guiné-Bissau]; Aqueles. 9 – Inspecção-Geral do Ambiente [sigla]; Fogão; Naquele lugar. 10 – Diversos; Apoio [figurado]. 11 – Sinceros; Que pronuncia erradamente.
VERTICAIS: 1 – Endireitas [Angola]; Barriga [popular]. 2 – Ansiedade; Molhe. 3 – Conta; Simples; Amarra. 4 – Pertences; Desejadas; Troça. 5 – Massa; Partidas. 6 – Decote; Valias. 7 – Estimada; Sopro. 8 – Sufixo nominal de origem latina que tem sentido diminutivo, por vezes pejorativo; Desgastes; Mais [antiquado]. 9 – Volta; Laca; Interjeição usada para aclamar. 10 – Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de azeite; Troca-tintas [regionalismo]. 11 – Patife [popular]; Protejo.
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