FERNÃO DE MAGALHÃES
No valle clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do valle vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.
De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titans, os filhos da Terra
Que dançam da morte do marinheiroQue quiz cingir o materno vulto-
Cingil-o, dos homens, o primeiro-
Na praia ao longe por fim sepulto.
Dançam, nem sabem que a
alma ousadaDo morto ainda comanda a armada,
Pulso
sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até
ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.
Violou a Terra. Mas eles nãoO sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.
Este mês, o AlegriaBreve dá a palavra ao poeta Fernando Pessoa, para nos falar do homenageado - Fernão de Magalhães - evocando a viagem de circum-navegação, ocorrida há 500 anos.
Este poema está na "Mensagem", de Fernando Pessoa, dedicado, justamente, a Fernão de Magalhães. O poeta evoca a figura do navegador português que, em 1519, iniciou a viagem de circum-navegação, ao serviço do rei de Espanha, Carlos V.
Recriando um cenário que mais não é que uma dança fúnebre - "que dançam na morte do marinheiro" - o poema pretende sublinhar que o espírito aventureiro de Fernão de Magalhães persiste, mesmo para além da contingência da morte - "a alma ousada/Do morto ainda comanda a armada"
Embora morto, o "ausente", já "sem corpo", o navegador continua a abarcar " A terra inteira como seu abraço", pelo que o seu propósito aventureiro - provar que a terra era redonda - perdura para além dele, vencendo a própria morte : "Violou a Terra. Mas eles não/O sabem, e dançam na solidão.
Só sublinhar ainda que Magalhães é, segundo alguns historiadores, "uma das figuras mais fascinantes dos Descobrimentos", mas existem muitas incertezas à volta da sua pessoa. Basta uma busca rápida na Internet e lá está: o navegador português Fernão de Magalhães, o homem que lançou aquela que foi a primeira viagem marítima à volta do mundo, terá nascido na aldeia de Sabrosa, em Trás-os-Montes. Erro, dizem alguns historiadores. Os arquivos portugueses sobre ele "estão por estudar" e podem esclarecer muitos mistérios.
Este aparente desinteresse por Fernão de Magalhães pode explicar-se, segundo Michel Chandeigne, pelo facto de "ele ser uma espécie de anti-herói, tanto em Portugal como em Espanha". Em Portugal "era visto como um traidor", por ter ido oferecer os seus serviços ao rei espanhol, e em Espanha era visto como um navegador que falhou, não tendo conseguido regressar da viagem pelo Ocidente até às Molucas, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas (morreu em combate com indígenas nas Filipinas).
Convido, assim, os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o primeiro nome (3 palavras nas horizontais) do estreito que hoje tem o do navegador português Fernão de Magalhães (1480 – 1521).
HORIZONTAIS:
1 – Listas; Inteiros.
2 – Impugnei; Ingénua.
3 – Simples; Bar; Orvalho [regionalismo].
4 – Aqueles; Ordinário; Ermo.
5 – Seta; Levantes.
6 – Nada; Âmbito.
7 – Gira; Dólmen [regionalismo].
8 – Significas; Cerco; Sopro.
9 – A massa popular [figurado]; Abundância; Uno.
10 – Puros; Consentimento [figurado].
11 – Pronunciados; Salva.
VERTICAIS: 1 – Bisonhos; Limpo. 2 – Juntar; Ressumar. 3 – Vesti; Administrar; Antiga moeda da Índia equivalente a 1/16 da rupia. 4 – Aquelas; Braços; Planta liliácea oriunda da China. 5 – Raiz; Momentos. 6 – Toque; Sujeitas. 7 – Horário; Acontecer. 8 – Palavra que, no dialecto provençal, significava sim; Trabalho de noite; Mais [antiquado]. 9 – Condolência; Essência; Pessoa estranha [figurado]. 10 – Sem juízo [figurado]; Estimas. 11 – Empregos [Angola]; Armadilha [figurado].
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Aceito respostas
até dia 25 de Outubro, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico,
boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução,
assim como os nomes dos participantes.
Vemo-nos por aqui?