A minha Lista de blogues

sexta-feira, 7 de março de 2014

Pero Vaz de Caminha - O homem e a sua circunstância histórica


É famosa a frase do filósofo espanhol Ortega y Gasset: "O homem é o homem e a sua circunstância". Isto é, não é possível considerar o ser humano sem levar em conta tudo o que o circunda, incluindo naturalmente o contexto histórico em que se insere.

Nesta medida, se há, na História de Portugal, figuras que decorreram da sua circunstância, Pero Vaz de Caminha enfileira prioritariamente esse grupo. 

Com efeito, não fora a carta que escreveu de Porto Seguro, a 1 de Maio do ano de Cristo de 1500 ao rei D. Manuel I, e a sua passagem na vida teria sido condenada ao completo anonimato.

Acabei de ler essa carta, “A Carta de Pero Vaz de Caminha, Estudos de Manuela Mendonça e Margarida Garcez Ventura”, uma edição de “Mar de Letras”, uma editora com sede na Ericeira, publicação que ocorreu no 5º Centenário da viagem de Pedro Álvares Cabral.

Em boa hora a li, pois fiquei com uma ideia mais precisa acerca do que foi esse acontecimento fantástico – o achamento da terra de Vera Cruz.

Trata-se de uma reedição da carta de Pero Vaz de Caminha, comentada. A Professora Doutora Manuel Mendonça faz um estudo exaustivo acerca da família próxima de Caminha, enquanto a Professora Doutora Margarida Garcês Ventura se centra na leitura fidedigna do texto, juntando, aqui e ali, um comentário susceptível de o esclarecer nos seus pontos mais nebulosos.

Aconselha-se a sua leitura, pois dá uma ideia muito impressiva como Pero Vaz de Caminha vê a Terra de Vera Cruz e, como já alguém já disse, estamos perante um “diploma natalício lavrado à beira do berço de uma nacionalidade futura”.

Foi redigida, durante uma semana, em forma de diário de bordo, como que uma carta de acontecimentos públicos, escrita em dias sucessivos, pelo menos depois de 26 de Abril até 1 de Maio. 

Uma das riquezas desta narrativa está justamente em ser um diário, pois que assim ficou registada sem qualquer dúvida que a descoberta do novo mundo e das novas gentes foi progressiva. Isto é, o que Pero Vaz de Caminha descreve ao rei não é uma história montada á posteriori.

A carta consta de 14 fólios de papel, todos escritos na frente e no verso com excepção do último, que termina assim: “Deste Porto Seguro da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feita, primeiro dia de Maio de 1500”.

É imperdível a sua leitura. Pero Vaz de Caminha, o homem e a sua circunstância histórica!

Sem comentários:

Enviar um comentário