Uma voz amiga faz o favor de me lembrar datas “importantes” da nossa vida militar em comum. Passam hoje 40 anos sobre a minha ida para Lamego, para frequentar o 2º Ciclo do C.O.M.. Os meus camaradas ficaram em Mafra, mas a mim (lá viram que tinha bom corpo para amochar), deram-me guia de marcha para os Rangers, em Lamego.
A minha viagem até Lamego, há quarenta anos, é inesquecível. Nesse longínquo dia 3 de Janeiro de 1971, apanhei um comboio às 7h, 30m com destino à cidade da Guarda, onde era suposto apanhar um autocarro por volta das 15h,30m, para chegar a Lamego às 17h. Este era o plano de viagem estabelecido, em face dos transportes disponíveis ao tempo. Acontece que na noite anterior caiu um grande nevão em toda a zona centro do país. Chegado à Guarda, os autocarros estavam impedidos de circular, donde a solução foi prosseguir a viagem de comboio até à Régua (estação mais próxima de Lamego), com passagem por Coimbra e Porto. Cheguei a Lamego por volta das 22h, pelo que, face ao adiantado da hora, já não me apresentei no quartel. Procurei, eu e mais uns tantos camaradas que haviam passado pelos mesmos contratempos, uma pensão para passar a noite. Já não me lembro da ementa do jantar, mas lembro-me que comi, nessa noite, uns pedacinhos de presunto como nunca comera na minha vida. Hoje, à distância de 40 anos, não sei se o presunto seria assim tão bom. Eu sentia-me o homem mais desgraçado, mas o sabor dele encheu-me a alma e fez com que houvesse ainda mundo à minha volta...
Um período difícil das nossas vidas mas que acabou bem, apesar de tudo. Ficaram as amizades para a vida. No dia 3 de Janeiro de 1972 apresentei-me em Mafra, que já tão bem conhecia. Sentia-me quase um veterano, com as duas estrelas no ombro, ao pé dos maçaricos acabados de entrar no 1ª ciclo, com uma só estrela.
ResponderEliminarObrigado, Zé Luís, pelo teu comentário. No nosso caso, foi uma separação de apenas 3 meses. Voltámos a encontrar-nos, até final da nossa vida militar, para consolidar uma boa amizade.
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