Se fosse vivo, o Prof. José Hermano Saraiva faria hoje 93 anos. É uma figura controversa.
Foi deputado entre 1957 e 1961, procurador à Câmara Corporativa e Ministro da Educação. A sua passagem pelo Governo do Prof. Marcelo Caetano ficou muito marcada pela Crise Académica de 1969.
Foi deputado entre 1957 e 1961, procurador à Câmara Corporativa e Ministro da Educação. A sua passagem pelo Governo do Prof. Marcelo Caetano ficou muito marcada pela Crise Académica de 1969.
Em tempo de Democracia, José Hermano Saraiva tornou-se numa figura apreciada em Portugal, pelos seus inúmeros programas televisivos sobre História de Portugal. Por esse mesmo motivo, tornou-se igualmente numa figura polémica, porque a sua visão da História tem sido, por vezes, questionada pelo meio académico.
Devo confessar aqui uma coisa. Só recentemente, que disponho agora de mais tempo, tenho tido oportunidade de ver muitos dos programas do Prof. José Hermano Saraiva, que passam agora na RTP Memória. Antes, eu, como penso a generalidade das pessoas, achava tão só um dos grandes comunicadores da Televisão.
Convém lembrar que o saudoso e implacável Mário Castrim, crítico televisivo no Diário de Lisboa, fazia, amiúde, referências elogiosas que constituíam à época uma espécie de salvo conduto que quase permitia a José Hermano Saraiva apresentar-se ao público sem a “mancha” do seu passado recente.
Pessoalmente, mudei de opinião ao ver José Hermano Saraiva tomar partido pelo povo no relato, por exemplo, das crises de 1245 e de 1383. A crise de 1245 não tem nenhum cronista de renome para a contar. Ao contrário, é conhecida a extraordinária descrição da Revolução de 1383-85 que consta da Crónica de El- Rei D. João I, de Fernão Lopes. Pois, José Hermano Saraiva juntou à empolgante narrativa do cronista Fernão Lopes um grande dramatismo que não era espectável. Aliás, José Hermano Saraiva não se cansa nunca, nos seus relatos, de enfatizar a tensão permanente entre as classes dominantes e o povo, tomando partido pelo último.
José Hermano Saraiva foi um homem que merece, por isso, o nosso respeito por maior que possa ser a discordância ideológica.
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