Ontem, passei pela Livraria Bertrand, no Colombo, e não resisti. Cada vez que entrava na livraria, fazia-lhe carícias, já o namorava há algum tempo. Desta vez, trouxe-o comigo.
Trata-se de "Quem Disser o Contrário é Porque Tem Razão", do escritor Mário de Carvalho. Título curioso. Tem ainda um subtítulo "Guia Prático de Escrita de Ficção". Desafiante.
Estamos, portanto, perante um manual (uma espécie de) onde o autor dá conselhos aos candidatos à escrita, à escrita de ficção. Logo, nas primeiras páginas, o autor dá aos interessados o seguinte conselho: «Leia muito, leia por gosto, leia por curiosidade, leia por desfastio, leia por obrigação, leia por indignação, mas leia, leia, leia de tudo, sem preconceitos nem reservas.».
Lembra-me igual receita que o Eça dá em "As Cidades e as Serras". Zé Fernandes olhava abismado a Biblioteca que o amigo Jacinto tinha na sua casa em Paris, o célebre 202. Atónito perante trinta mil volumes, não conteve a admiração:
- Oh Jacinto! Que depósito!
Ele murmurou, num sorriso descorado:
- Há que ler, há que ler...
Acredito que sim. Ler muito é o caminho que nos resta. É natural que cada um de nós (é o meu caso) tenha as suas preferências e faça as suas escolhas. Mas é sempre aconselhável o confronto com outros autores fora dos nossos hábitos de leitura, É ainda um exercício de curiosidade. É ainda a vontade de descobrir mundos, mesmo que às vezes nos possam parecer acinzentados ou, até, inóspitos.
Mas, no fundo, o que importa é Ler. Será que, um dia, à custa de muita transpiração, muitas lágrimas e de muitos ais...chegamos lá?
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