O poeta Carlos de Oliveira no Parque dos Poetas em Oeiras
Escultura de Francisco Simões
CARTA A ÂNGELA
Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.
Os abismos das coisas, quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!
Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!
Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.
Transpondo os versos vieste à minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!
Carlos
de Oliveira, (Belém do Pará, 10 de Agosto
de 1921 — Lisboa, 1 de Julho de 1981)
(Ângela de
Oliveira viria a morrer em 15.2.2016 com 95 anos)
Sem comentários:
Enviar um comentário